História e Origem
Hoje, sob o silêncio pesado de uma noite em que até os grilos pareciam guardar segredos, terminei a Tesá Pyhare. Poucas vezes senti tanto o peso do tempo sobre os ombros como durante a confecção desta varinha — como se cada fibra de sua madeira sussurrasse lembranças que não me pertencem.
O corpo foi esculpido no imponente Jequitibá-Rosa, árvore que é ao mesmo tempo monumento e mistério do estado de São Paulo. Reza a lenda que, em noites raras, o próprio Jequitibá caminha como guia espiritual pelos bosques, conduzindo viajantes perdidos ao amanhecer. Ao tocar sua madeira, percebi algo diferente de qualquer outra já trabalhada: ela não guarda apenas anos, mas séculos de memórias. As raízes, invisíveis, entrelaçam histórias que não estão nos livros. E para honrar essa sabedoria subterrânea, deixei que duas vinhas talhadas no cabo se unissem ao desenho da varinha, conectando o punho do bruxo diretamente ao seu coração.
É essa ligação que permite ao mestre da Tesá Pyhare presenciar o passado em detalhes — não como narrador, mas como testemunha. E, com o auxílio do núcleo, esse dom se estende a vislumbres de futuros possíveis, guiando com clareza rara.
Para que tal poder não devore a sanidade de seu dono, fixei à ponta um cristal de Ágata Azul.
Ele servirá de âncora, equilibrando a mente, permitindo que a travessia entre tempos não se torne uma prisão. Antigos místicos dizem que essa pedra é uma chave entre planos, e hoje compreendi o porquê.
O núcleo… usei uma pena de Urutau, o chamado Pássaro-Fantasma. Criatura que canta como se chorasse a própria noite, confundida por muitos como mau agouro. Mas a magia reconhece sua verdadeira essência: guardião oculto, protetor invisível. Foi essa furtividade que a varinha herdou. Seus feitiços de desilusão e ocultamento superam qualquer capa ou artefato. O bruxo que a empunhar poderá atravessar multidões sem ser notado, escapar até mesmo dos olhos mais atentos.
Mas, como tudo no ofício da varinharia, há um preço: a Tesá Pyhare torna-se invisível quando não está nas mãos de seu mestre. Um dom que se converte em risco — se o dono a deixar cair, talvez jamais a reencontre.
Hoje, ao repousá-la sobre a mesa, tive a sensação de que não fui eu quem a criou. Fui apenas um intermediário entre o tempo e o destino.
Pergaminho

Informações Técnicas
Primeiros Mestres
As varinhas da primeira edição não apenas encontraram seus donos — elas escolheram almas cujas mãos estavam prontas para despertar a magia adormecida do nosso mundo.
Como forma de gratidão e honra, os nomes desses primeiros bruxos e bruxas serão eternamente guardados nesta página, inscritos como parte viva da história do Galho Quebrado.
Que suas jornadas sejam longas, e que a magia que os uniu a essas varinhas continue a brilhar por muitas gerações.
Informações da Primeira Edição
Esta varinha já teve sua Primeira Tiragem, cada uma numerada e destinada a bruxos e bruxas que ouviram esse chamado.
Carregar uma peça dessa tiragem é mais do que possuir um artefato mágico: é guardar consigo um fragmento do início de uma nova era.