História e Origem
Hoje terminei a varinha mais inquieta e traiçoeira que já criei — e só de pensar em todo o trabalho que ela me deu, ainda sinto a pele arder nos arranhões que mal tiveram tempo de cicatrizar.
A Pysyry Mboara veio ao mundo como poucas. Seus ingredientes, colhidos no coração de Santa Catarina, quase me custaram mais do que o sangue e o suor que normalmente entrego a esse ofício. Tudo começou quando decidi utilizar, como núcleo, um fio de cabelo petrificado de uma das lendárias Bruxas de Itaguaçu. Dizem que aquelas pedras guardam a magia ancestral de mulheres tão poderosas que o próprio diabo teve de vir negociar com elas. E posso garantir: as rochas ainda vibram com essa energia antiga.
Mas algo estranho aconteceu. Enquanto eu transfigurava aquele fio, fui emboscado por um lobisomem — e o mais curioso: ele parecia estar ali não para me ferir, mas para proteger a pedra, como
se velasse o descanso de alguma amada do passado. Há algo ali,
uma conexão entre criatura e bruxa, que ainda me escapa.
Por sorte — ou destino — consegui escapar. Os arranhões vieram como lembrança, mas também um presente inesperado: alguns pelos do lobisomem ficaram presos na minha túnica durante a fuga. E como se diz entre os artífices, ingrediente colhido em momento de risco dobra seu poder.
Com esses dois núcleos — o fio de cabelo petrificado e os pelos do lobisomem — nasceu a Pysyry Mboara, a varinha do abraço eterno. Seu nome em si já é uma promessa: um laço inseparável, não entre duas varinhas, mas entre duas metades de um mesmo espírito. Ela se divide em duas partes, tal qual braços entrelaçados, feitas de pau-ferro e embuia, cada uma pulsando com sua própria essência. E embora possam ser separadas fisicamente, elas só reconhecem um único mestre. Qualquer tentativa de dividi-las entre dois bruxos será percebida como traição — e a varinha se fechará, silenciada, em revolta.
Em combate, é uma arma formidável. Ideal para duelistas e magos de transfiguração, responde com agilidade a feitiços de controle e paralisação, tornando-se uma extensão dos reflexos de quem a empunha. Mas não se deixe enganar pela sua beleza ou pela poesia do seu nome. Ela exige lealdade — não só ao seu dono, mas à verdade interior de quem a usa.
Pergaminho
Informações Técnicas
Primeiros Mestres
As varinhas da primeira edição não apenas encontraram seus donos — elas escolheram almas cujas mãos estavam prontas para despertar a magia adormecida do nosso mundo.
Como forma de gratidão e honra, os nomes desses primeiros bruxos e bruxas serão eternamente guardados nesta página, inscritos como parte viva da história do Galho Quebrado.
Que suas jornadas sejam longas, e que a magia que os uniu a essas varinhas continue a brilhar por muitas gerações.
Informações da Primeira Edição
Esta varinha já teve sua Primeira Tiragem, cada uma numerada e destinada a bruxos e bruxas que ouviram esse chamado.
Carregar uma peça dessa tiragem é mais do que possuir um artefato mágico: é guardar consigo um fragmento do início de uma nova era.
